Enfrentando o câncer vivendo longe da pátria
Uma história de superação e fé em Deus
A descoberta do câncer de mama
Nosso filho Jonatan de 13 anos caiu e com muita dor foi levado para o hospital. Na sala de espera do Raio X viu um quadro grande escrito em inglês: How to Prevent Breast cancer.
Como prevenir o câncer de mama!
Leu rapidinho e falou para o seu pai: “minha mãe nunca vai ter câncer.” Pensou assim porque me considerava uma mulher fora do grupo de risco. Não fumava, não bebia, tinha uma alimentação saudável, fazia caminhada e andava de bicicleta.
Ele não sabia que eu havia sido diagnosticada com um tumor na mama. Desde os meus 38 anos fazia exames preventivos e aos 43 anos recebi esse diagnóstico, longe de casa, Brasil.
Procurei mais uma opinião dos médicos em Calcutá e os diagnósticos só pioravam, então criei coragem e com muita descrição procurei opinião do meu sobrinho, Paulo, que estava cursando medicina na época, o qual confirmou a necessidade de uma biópsia.
Pela internet encontrei o doutor Anil Podar, cirurgião oncologista especialista em mamas com anos de experiência na Índia e na Inglaterra. Na primeira consulta já me indicou a cirurgia para retirar o tumor, mesmo sem ter certeza do diagnóstico maligno ou benigno. O tumor não poderia ficar ali.
Enquanto eu dormia, um sono profundo de 6 horas, o meu esposo e amigas estavam aflitos na sala de espera. Depois de vários procedimentos de retirada e de biópsia.
O resultado que ninguém queria ouvir chegou:
Sim, é um tumor maligno. O choro, a decepção se misturaram com uma sensação de carinho e suporte. Todas as meninas, abraçaram o Edmar (meu esposo) e se dispuseram a ajudar em tudo que fosse necessáro.
O cuidado de Deus em todos os detalhes
Eu vi a glória de Deus, sua fidelidade e amor em todo o tempo desde a descoberta, cirurgia e o suporte das minhas amigas, durante minha recuperação minhas refeições por 15 dias foram variadas e internacionais. Algumas vezes vinham prontas ou as amigas iam fazer lá em casa.
Com o diagnóstico e a necessidade do tratamento de quimioterapia e radioterapia decidimos que seria melhor retornarmos para o Brasil. Deixar a Índia não foi fácil afinal estávamos vivendo lá alguns anos, foram várias e rápidas despedidas pois eu teria que começar o tratamento o quanto antes.
Vi a glória de Deus novamente no apoio dos familiares, amigos, igrejas, na casa nova, nos móveis, na escola das crianças e no meu tratamento médico, desde a consulta da doutora Lucy como a assinatura do doutor Maurício para a aprovação do tratamento pelo SUS, o tratamento durou 9 meses. Nasci de Novo.
“Muitos se despediram de mim como se fosse a última vez que nos veríamos.”
Foram muitas idas e vindas ao hospital, uma mistura de sentimentos em cada sessão. Não queria estar lá, queria pular essa fase…, mas graças a Deus eu estava apta para o tratamento e não faltaram às medicações. As reações eram visíveis, palpáveis, sentidas. Fiquei careca, sem sobrancelhas, tudo tinha sabor de alumínio, todos os cheiros incomodavam, ( brinco dizendo que foi uma economia de salão de beleza).
Fiz uma oração: “Senhor, eu quero me levantar todos os dias e preparar o café para os meus filhos e enviá-los a escola.” Não foi fácil, mas foi possível. Deus é bom.
Retornar à Índia, depois de dois anos curada, foi um lindo testemunho já que muitos se despediram de mim como se fosse a última vez que nos veríamos.
Eles viram a glória de Deus.
Os detalhes ficam para uma próxima vez.
Adriana Barros é casada com Edmar há 28 anos. Gosta de ler e admirar a criação. É obreira transcultural desde 1989. Serviu 3 anos no Peru, 7 anos na Filipinas onde nasceram seus dois filhos e 16 anos na India.