Aprendendo a nos relacionar, apesar de nossas imperfeições
A cada vez que eu estive grávida, eu tive que enfrentar um problema esquisito, em nada relacionado com o tal glamour gestacional do qual tanto falam por aí: micose nas unhas dos pés.
Na minha última gestação, inclusive, quando vi os bichinhos chegando, tentei cortar o pedaço de unha contaminado fora, mas não havia jeito. O fungo voltava e se propagava numa velocidade extraordinária. “Deve ser culpa dos hormônios”, eu pensei, e decidi parar de cortar a unha e apenas esconder o problema com esmalte colorido. Não queria continuar cortando os pedacinhos contaminados, e não podia, por causa da gravidez, começar o tratamento oral.
E assim eu fiz. Semana após semana, eu tirava o esmalte, cortava só o comprimento normal da unha, e tocava uma outra camada colorida sobre a micose. Para os que não sabiam do que estava acontecendo, tudo parecia então normal. E até mesmo bonito. Entretanto, eu sabia que meu pé não estava saudável e que esse esconde-esconde seria insustentável. Mas mesmo assim, resolvia continuar sem realmente cortar fora o problema pela raiz.
Até que, um dia, eu não consegui mais fugir. Tirei o bendito esmalte e, por baixo, encontrei uma unha feia. Arruinada. Podre. O mais triste mesmo foi eu ter que admitir que, se eu tivesse continuado a tirar os pedaços problemáticos desde o início o estrago teria sido muito menor. Assim sendo, eu tomei a decisão de cortar de vez toda a minha unha fora, deixar a nova crescer, expondo para todos o tal problema (ou ao menos a quem viesse a prestar atenção aos meus pés).
E a situação melhorou muito. Muito mesmo. Contudo, foi apenas quando eu dei à luz e pude em fim tomar o medicamento via oral, é que a unha começou a crescer saudável de verdade.
Da mesma forma, é muito difícil reconhecermos os nossos problemas e pecados. Acreditamos na errônea ideia de que é mais fácil “passar os panos”, do que tentar realmente se expôr e buscar tratamento. Permitir que sejamos criticados ou friamente analisados pelos outros, e que sejamos julgados como incapazes, feios, ou “menores” é algo que machuca o ego e nos impede de viver de uma forma saudável e plena. Precisamos lembrar que, se mantivermos os problemas em secreto, o mal que está em nós apenas continuará a aumentar. Todavia, o nosso Deus quer que cheguemos à cura, ao arrependimento que muda a nossa história, e nos dar uma vida plena em si.
Nas últimas semanas, tem se dedicado, aqui no CMM sobre relacionamentos. Queremos, então, terminar esse mês desafiando você não esconder as suas fraquezas, mas a estabelecer conexões profundas e de qualidade, com uma ou mais pessoas que entendam o seu contexto multicultural. Alguém (ou “alguéns”) com quem você possa compartilhar suas alegrias e tristezas, rir juntos, conversar sobre choque cultural, sobre a vida, ou, se necessário for, até mesmo confessar seus pecados. Pessoas que lhe compreendam e que venham a lhe ajudar a continuar a caminhar rumo aos planos de Deus para você. Esperamos que no CMM você encontre uma comunidade que sirva como um espaço de liberdade, cura, e encorajamento.
Rafaela Speckhann é autora do livro Sagrado Sarau – Prece, Palavra e Poesia
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Mudar para um novo local pode ser uma grande aventura e um enorme privilégio! Contudo, existem inúmeros desafios que muitas vezes não são abordados, gerando expectativas irreais que impactam o processo de adaptação à nova cultura.
Os desafios que acompanham a transição cultural são maximizados quando há falta de planejamento, preparo prático e apoio apropriado.
