Consciência de Deus e Início do Aprendizado da Fé
Hoje, gostaria de abordar as duas primeiras etapas do nosso crescimento espiritual.
Vários escritores e pais da fé, ao longo do tempo, foram capazes de reconhecer diferentes fases ou momentos da fé, e atribuíram-lhes nomes distintos. Para este podcast, optei por nomear essas duas fases iniciais como “Consciência de Deus e Início do aprendizado da fé”.
Como nossa fé é uma peregrinação, é importante entender que há movimento e que não é estática, mas também não é veloz. Existem novos lugares para visitar, porque os que são conhecidos podem se tornar confortáveis e somos convidados a deixá-los. Como em qualquer viagem, podemos nos perder ou nos desorientar ao longo do trajeto. Outras pessoas que já passaram por esta jornada, podem nos auxiliar, mas é nossa responsabilidade determinar os caminhos e dar os primeiros passos. Por vezes, o caminho é árduo, exige paciência e renúncia. Em outras palavras, é um constante abandono. Tudo o que percebemos como complicado, ou o que se tornou agradável aos nossos olhos, tudo nos leva a responder a essa passagem de Mateus 22:37
“Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento.”
Esses momentos não são alcansados por nossos méritos, nem algo a ser realizado ou conquistado, é Deus quem faz com nossa cooperação.
Momento 1 – Consciência de Deus
Este momento inicial é uma tomada de consciência da nossa dependência de Deus. Para alguns, este momento requer muito tempo, enquanto para outros, representa um encontro onde dizem “sim” ao convite para se tornarem membros mais ativos e conscientes da família de Deus. Trata-se de um momento em que experimentamos uma intensa necessidade de Deus.
Algumas vezes, não é um processo tão extenso e a pessoa começa a entender o que Deus realizou por meio de Jesus Cristo. Simultaneamente, ela começa a descobrir o que significa fazer parte do corpo de Cristo ao frequentar uma comunidade de fé.
Conheço também pessoas que frequentam uma igreja há bastante tempo e começam a entender que a fé é algo pessoal, não algo que se herda. Chega um ponto em que a pessoa se apropria dela, a torna pessoal e diz “sim” a Jesus para um relacionamento, e não apenas para um conjunto de práticas ou convicções.
Nesse momento, nosso senso de vida também pode crescer, pois nos deparamos com a realidade de que somos parte de muitos que disseram “sim” a Deus quando Ele veio ao seu encontro. Na verdade, às vezes, quando olhamos para trás, em meio às pequenas ou grandes dores da vida, podemos ver mais claramente que Deus nos convidou ou veio ao nosso encontro várias vezes. Sentimo-nos parte de algo muito maior e mais transcendental do que nós mesmos.
Algumas pessoas experimentam um intenso entusiasmo nesta etapa. Existe um desejo intenso de aprofundar o conhecimento de Deus e um sentimento de gratidão por ser chamado para um relacionamento com Jesus. Trata-se de uma fase de fé semelhante à de uma criança, encantada e entusiasmada com o que descobriu.
Existem outras pessoas que alcançam esta etapa, mas ainda não estão totalmente preparadas. Existe um reconhecimento de Deus e do que Jesus realizou por elas, mas elas ainda não dizem “sim”, e isso é normal. Isso não implica que elas não voltem a essa etapa mais tarde e, por diversos motivos, se sintam mais preparadas para esse encontro pessoal.
O “sim” parece diferente de uma pessoa para outra, de uma tradição cristã para outra. E é importante ter isso em mente. Em algumas tradições cristãs, ele é visto como um momento decisivo, em outras, o “sim” pode ser um processo em si. Pude observar ambos e outros tipos de “sim”, portanto, é importante ter isso em mente e não presumir que Deus tenha apenas uma ou outra maneira de se revelar aos seres humanos.
Existe um anseio por conhecer as normas, ou seja, de maneira mais prática, queremos segui-las e, consequentemente, buscamos mais informações. Aqui iniciamos a prática do que significa viver nossa fé na vida cotidiana.
Como se trata de uma etapa inicial, surgem várias questões. Em certas ocasiões, nesta etapa, buscamos as respostas básicas da fé, listas de ações a serem tomadas ou evitadas, como orar, o que funciona e o que não funciona. Assim, nesta etapa, podemos ter uma visão da fé como uma transação ou uma fórmula. Por exemplo, “se eu não orar todos os dias ou não ler a Bíblia todos os dias, pode acontecer algo ruim” ou “se eu orar dessa forma, isso ou aquilo pode ocorrer”. Por essa razão, afirmo que pode ser um estágio onde a fé é vista como uma transação ou uma fórmula, ainda que não seja intencional. Trata-se de uma fé inocente.
Em algumas comunidades religiosas, podemos focar tanto em mudanças de vida muito particulares que deixamos de lado o processo da pessoa e a própria convicção que o Espírito Santo traz. Em outras palavras, podemos realçar as listas do que é “permitido ou não”. No entanto, se a ênfase for excessiva ou se a intenção for “consertar a pessoa” desde o começo, podemos negligenciar a relevância da pessoa continuar a descobrir, as coisas que Deus a convidará a abandonar ou abraçar.
Iniciamos nossa jornada rumo ao segundo momento: “início do aprendizado da fé”, quando compreendemos que apenas estar entusiasmado com Deus não é o bastante. Existe um anseio maior de aprender sobre Deus. Alguns procuram alguém para disicipulá-los, ingressam numa igreja ou em um curso bíblico em um ambiente que possa auxiliá-los a responder às questões que possuem. Em outras palavras, pode ser que o que nos motive a avançar para o segundo momento de aprendizado sobre fé seja a consciência de que precisamos compartilhar nossas dúvidas, nossas incertezas e romper o isolamento interno em que vivemos para podermos caminhar juntos.
Momento 2 – Início do aprendizado da fé.
Esta é uma etapa onde a pessoa deseja adquirir conhecimento por meio de outras pessoas, estudo da Bíblia ou outros livros cristãos. Esta postura não é algo que se perde no futuro, acredito que uma atitude de aprendizado é benéfica à vida, mas particularmente neste momento, é algo que desperta grande interesse e satisfação.
Percebemos um forte sentimento de pertença em comunidades cristãs, pequenos grupos que estudam a Bíblia ou na igreja. Este sentimento de pertença proporciona grande alegria, principalmente para aqueles que se sentiram solitários ou que não eram parte de algo específico. No entanto, a verdade é que todos nós, enquanto humanos, necessitamos de um sentimento de pertença a um grupo ou a uma causa maior.
O saber proporciona um tipo específico de conforto e segurança. Por um lado, isso é comum e faz parte desta etapa. No entanto, podemos prolongar essa fase por um longo período, pois o conhecimento nos proporciona uma sensação de controle e acalma nossa incerteza sobre a vida. Neste momento, temos a capacidade de desenvolver pensamentos mais radicais, posturas mais estritas e legalistas. Não é sempre assim, mas é importante entender que é um momento e, dependendo da personalidade da pessoa e de suas inclinações, é comum, já que ela está tentando aprender a viver sua fé. Assim, pode acontecer das pessoas sentirem que existe apenas um método adequado para fazer isso ou aquilo, apenas um modo de refletir sobre isso ou aquilo. Isso às vezes é sutil, não é algo que dizemos, mas pode ser uma maneira de ver a vida e os outros.
Aqui existe uma imensa felicidade por ser “encontrado”, e cada avanço na fé é festejado e apreciado, proporcionando uma profunda sensação de conforto. A fé é experimentada como uma dádiva e desejamos compartilhar com os demais o que estamos aprendendo. De fato, é uma fase extremamente frutífera e singular.
Para continuar a crescer, será importante assumir alguns riscos e começar a descobrir o chamado de Deus para nossa vida, quais são alguns dos dons espirituais que Deus nos concedeu e usar nossas habilidades para o benefício de outras pessoas.
Eventualmente, perceberemos que não fomos apenas criados para aprender e receber dos outros, mas também para nos doarmos e servirmos aos demais.
Termino com a passagem que fala um pouco sobre esse momento 2 “Inicio de aprendizado de fé”
João 1:43-45
No dia seguinte, Jesus decidiu partir para a Galileia. Quando encontrou Filipe, disse-lhe: “Siga-me”. Filipe, como André e Pedro, eram da cidade de Betsaida. Filipe encontrou Natanael e lhe disse: “Achamos aquele sobre quem Moisés escreveu na Lei e a respeito de quem os profetas também escreveram: Jesus de Nazaré, filho de José”.
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