Como podemos fazer a diferença no mundo multicultural?
Hoje quero compartilhar algumas reflexões sobre uma frase que ouvi há alguns meses, sobre “as pessoas fermento. “
A Bíblia fala sobre o fermento em dois sentidos: um deles é usado para ilustrar o pecado, o fermento dos fariseus que procuram ganhar a graça de Deus por seus méritos. Hoje não quero me referir a esse sentido do fermento, mas no uso do fermento na parábola que está em Mateus 13:33, que diz:
“E contou-lhes ainda outra parábola: “O Reino dos céus é como o fermento que uma mulher tomou e misturou com uma grande quantidade de farinha, e toda a massa ficou fermentada”.
Também gosto muito da colocação dessa parábola, pois no mesmo capítulo está a parábola do semeador, do trigo e do joio, da semente de mostarda, do tesouro escondido e da pérola de grande valor. Algumas dessas coisas são bem pequenas, mas muito importantes.
Voltemos às “pessoas fermento”, gostaria apenas de compartilhar alguns dos meus próprios pensamentos para reflexão. Não estou tentando desenvolver um ensino baseado nessa passagem bíblica, apenas quero nos inspirar a pensar sobre como é para você ser o fermento e o que você mesmo pode trazer à massa, a esse contexto multicultural em que você está inserida?
Não sei quanto a você, mas às vezes, diante de tanta necessidade ao nosso redor, me sinto muito pequena e isso não é ruim, acho que é um sentimento que compartilhamos a maioria de nós. Mas no momento em que estou vivendo, eu me pergunto, como posso ser um bom administrador do que me foi dado?
Como você pensa ou imagina que são as “pessoas fermento”?
Vou compartilhar alguns dos meus pensamentos na esperança de que eles inspirem os seus a esse respeito.
1. Pequenas, mas poderosas
As “pessoas fermento” reconhecem que são pequenas, mas que em sua pequenez há algo poderoso que elas podem trazer para seus contextos. É claro que não estou falando de um conceito de baixa autoestima, não, estou pensando mais em uma postura em relação à vida e a Deus, em reconhecer nossa dependência de Deus e nossas limitações.
2. Gentileza em Ação
As pessoas levedadas sabem que têm limitações, mas, ao mesmo tempo, reconhecem que, por meio de sua conexão com o doador da Vida, elas possuem um potencial para incentivar, abençoar, apoiar, caminhar com os outros, ouvir, ser gentis, responder com amor, andar em humildade, dar a outra face, fazer obras em que uma mão não sabe o que a outra está fazendo, coisas pequenas, mas com grande amor. Talvez isso pareça simples, mas nesta sociedade em que somos incentivados a cuidar de nossos próprios interesses, em que achamos difícil amar aqueles que pensam e vivem de forma diferente de nós, em uma sociedade em que somos incentivados a procurar o que há de diferente nos outros em vez de ver o quanto somos semelhantes, é complexo ser “pessoas fermento”.
3. Humildade Relacional
As “pessoas fermento” não se reconhecem como exclusivas ou superiores. Em minha opinião, esse tem sido um dos problemas para os seguidores de Jesus, inclusive para mim. Às vezes nos ensinam tanto sobre como somos especiais, como somos afortunados (e não quero dizer que não sejamos). O problema é quando isso nos faz ver o “outro” como inferior, nos sentimos superiores, como um clube exclusivo, nos sentimos tão confortáveis em nós mesmos que não nos lembramos de nossa missão de fermentar e, se o fazemos, às vezes o fazemos com uma postura do tipo “você precisa do que eu tenho” em vez de uma postura relacional como a de Jesus, que se sentava e passava tempo com os outros, acolhendo em sua mesa aqueles que eram desprezados na sociedade.
4. Servir com Amor
As “pessoas fermento”, então, veem o outro com olhos de aceitação, veem no outro a imagem de Deus, não seguem o caminho no “modo inimigo”. Os “fermentados” servem e estão sempre atentos para servir aos outros com um sorriso, com um elogio ou com um ato maior de serviço, seja ele qual for.
5. O Mistério do Pequeno
As “pessoas fermento” olham com fé para o que esses pequenos atos e seu estilo de vida podem produzir na massa, elas sabem que não são a maioria. A mesma parábola diz “apenas uma pequena porção de fermento em três medidas de farinha, o fermento permeou toda a massa”. Esse é o mistério do fermento e do sal. O sal e o fermento não são os maiores em proporção, mas são o que a massa e o alimento precisam, o mistério do poder do “pequeno.”
6. Realidade com Esperança
As “pessoas fermento” vivem na realidade, elas não negam a realidade por meio de sua espiritualidade. O fermento serve quando é incorporado à massa, é lá que ele é ativado. A realidade é vivida a partir da postura de fé com os valores ensinados e vividos por Jesus. Jesus também veio em tempos muito turbulentos, muitos ficaram decepcionados porque pensaram que ele iria mudar completamente a realidade, que talvez fosse libertá-los do império romano, mas não foi assim, ele mesmo disse que meu reino não é deste mundo. Jesus viveu e sofreu a realidade, mas não deixou que essa realidade extinguisse sua missão, seu modo de ver os outros, seu modo de servir, seu modo de devoção, seu modo de abraçar e viver na esperança, na fé e no amor.
7. Curadas para servir
As “pessoas fermento” crescem, se curam e cumprem sua função para o benefício dos outros. Não se trata apenas de crescer e se curar para si mesmas. Não é para o reconhecimento dos outros, para ganhar mais mérito, para ganhar o favor de Deus, não é assim. As “pessoas fermento” crescem, curam e servem para que os outros ao seu redor possam ser influenciados e crescer, curar e ser incentivados a cumprir sua missão. Ao mesmo tempo, ser fermento, em minha opinião, é um processo. Tenho que admitir que às vezes não consigo ser fermento em alguns momentos, não consigo ser fermento em algumas conversas ou grupos, mas estou no processo de me tornar um “fermento” melhor.
8.Transformação Silenciosa
As “pessoas levedura” fermentam seus ambientes. Assim como o fermento ativa o processo de fermentação. Foi assim que encontrei quando fiz uma pesquisa no Google: A levedura converte os açúcares da farinha em gás carbônico (CO2) e álcool etílico (etanol). Esse processo é chamado de fermentação. O gás CO2 faz a massa crescer porque preenche as bolsas de ar na massa. O etanol não tem muito efeito sobre o crescimento da massa, mas dá ao pão um sabor único. É interessante ler como ele muda e faz a massa crescer e aumentar de tamanho, além de mudar o sabor. É isso que estou me perguntando neste momento, como posso colaborar com o processo de fermentação.
Não sei quanto a vocês, mas, às vezes, com tudo o que está acontecendo no mundo, por exemplo, aqui com a tragédia em Valência, na Espanha, eu me vejo em conversas que trazem muito desânimo, e com razão, há muitas pessoas sofrendo no mundo e eu não quero ser uma voz que diz “mas Deus está no controle” sem empatia ou como algo mecânico, teórico, desconectado da realidade. Anseio por sentir, perceber e ser “fermento” na realidade em que vivo, sem negar a realidade, mas ao mesmo tempo fermentando a esperança, encorajando quando apropriado, às vezes simplesmente ouvindo e recebendo o outro, fazendo perguntas instigantes e sendo “fermento” não apenas para ver o difícil, mas também para ver as possibilidades.
As “pessoas fermento” atraem outras pessoas, elas sabem como manter a confidencialidade, reconhecem que estamos todos em processo, que não têm todas as respostas, percebem o potencial da outra pessoa e respeitam a dignidade do próximo, honrando o processo e as diferenças. Elas não interagem com a “massa” com julgamento, não entram na “massa” dizendo “vejam o que eu posso fazer”, não discriminam a “massa” e não se concentram em quanto podem fazer a “massa” crescer. As “pessoas levedura” se renovam para não perder seu efeito e não ter um prazo de validade.
Algo que me inspirou muito durante esse tempo foi ver todo o trabalho voluntário que aconteceu em Valência. Muitas organizações cristãs e muitas outras se mobilizaram, pessoas por iniciativa própria se movimentaram para servir aos outros, limpar ruas, ajudar os outros, alguns levantaram fundos, fizeram doações e, para mim, isso também é “fermento”. “Fermento” é quando posso tornar meu o sofrimento e o desamparo dos outros e me mover de alguma forma para colocar meu “grão de areia” ou, nesse caso, “meu grão de fermento”.
Espero que, em meio aos desafios globais, Deus continue a incentivar e a multiplicar as “pessoas fermento” para que estejam nos lugares certos e nos momentos certos para “fermentar”.
Que outras características das pessoas com levedura vêm à sua mente?
A levedura é muito pequena, como um grão de mostarda. Um pouquinho de levedura, juntamente com outras ao seu lado, realiza a função de fermentação. Ao iniciar o ano, você pode se perguntar, como pode usar sua voz, seus talentos, sua personalidade, seu estilo de vida, suas finanças, tudo o que você é, para participar do mistério do reino que Jesus proclamou.
Todos os dias temos novidades para você no Instagram CMM. Nos siga e fique por dentro da nossa programação.
Você pode ler mais textos devocionais como este no nosso Blog CMM
