A Essência do Pertencimento em uma Comunidade Multicultural

comunidade

O valor da vida em comunidade

Morei numa aldeia na África e aprendi tanto naquele lugar. Uma comunidade onde a maioria das pessoas eram Bainouncks. Certamente, a vida ali tinha um ritmo diferente, com lições que transformaram minha forma de ver o mundo.

O Cotidiano da Vida em Comunidade

Na aldeia, a vida em comunidade realmente flui. As portas permanecem abertas, com uma cortina que balança o dia inteiro devido ao constante vai e vem. Esse convívio íntimo revela os desafios de viver coletivamente. O problema de um é o problema de todos. Sim, todos sabem da vida de todos, e esse compartilhamento se torna uma responsabilidade que exige engajamento.

Existe uma liderança para facilitar os processos. Há sempre um representante, seja das mulheres, dos homens ou dos jovens. Inquestionavelmente, a hierarquia é respeitada. É admirável como eles se expressam com eloquência em seus discursos, sempre saudando os ouvintes e desejando o melhor para todos.

As reuniões, porém, parecem não ter fim. Quase todos falam, muitas vezes repetindo as mesmas ideias. A princípio, pode parecer redundante e cansativo, mas é durante essas reuniões que eles processam suas ideias e colocam tudo para fora. Dessa forma, eles se fazem ouvidos, e isso é saúde! Que bom que sempre há um espaço de escuta.

Celebrações e Convivência

Na aldeia, todos são convidados para eventos, sem precisar de convites formais — seja casamento, batizado ou funeral. Quando há festas, todos celebram juntos ao som dos tambores e com movimentos específicos de cada etnia. Desta forma, O sorriso no rosto reflete a alegria que a expressão corporal proporciona.

aldeia africana

Nos velórios, é diferente. Todos se unem para consolar uns aos outros, com homens e mulheres reunidos em grupos separados, mas compartilhando a mesma dor. As crianças correm e brincam livres na natureza, formando seus próprios grupos e vivendo aventuras juntos. Sem dúvida, não parece haver solidão nesse lugar.

A ajuda mútua é natural. Seja para puxar água no poço, trabalhar na plantação ou até cortar um frango, as pessoas aprendem a depender umas das outras. As mulheres, por exemplo, cortam o frango em dupla: enquanto uma puxa de um lado, a outra segura do outro e passa a faca. Um método totalmente diferente, mas eficiente!

A Aldeia e o Pertencimento

Na educação, o ditado “é necessária toda uma aldeia para educar uma criança” faz total sentido. Eu confesso que, demorei a entender esse princípio.

Os olhos dos pais nem sempre conseguem acompanhar os passos dos filhos, e é por isso que todos se comprometem a orientar as crianças no bom caminho.

Antigamente, os Bainouncks eram nômades e se instalavam perto de rios. Eles foram os primeiros habitantes da região onde morei por tantos anos. Contudo, algo sempre me chamava a atenção: a capacidade desse povo de agregar. Famílias de outras etnias eram bem-vindas, ganhavam terra e se integravam, mesmo com diferenças de língua e cultura.

Na nossa aldeia, convivíamos com Bainouncks, Diolas, Mandengues, Fulanis, Balantas e até brasileiros. Assim, construíamos uma convivência pacífica e de respeito mútuo, onde a diversidade se tornava força.

Nossa Aldeia Global

comunidade CMM

Hoje, mesmo distante fisicamente, sinto que faço parte de uma aldeia virtual que agrega mulheres que, como eu, deixaram sua pátria para viver em outros lugares. O CMM é essa aldeia, nossa tribo. Aqui, somos acolhidas, compreendidas e celebradas por quem somos.

Nesse espaço, a multiculturalidade é abraçada, e a linguagem do amor fala mais alto que qualquer outra. Portanto, sempre há lugar para mais um nesse mundo global que acolhe as dores e alegrias de quem tem uma alma multicultural.

Seja bem-vinda à nossa tribo! Ter você nessa aldeia tem feito toda diferença. Não desista! Siga firme, pois estamos aqui, caminhando ao seu lado.

Priscila Alencar é casada e mãe de dois meninos. Serve em contexto transcultural há 15 anos. Dedicando sua vida ao serviço a Deus, servindo ao próximo tem buscado materializar o Amor através das mais variadas iniciativas. Juntamente com sua família, ela segue vivendo no continente africano.

Fique por dentro de toda a programação para a Mulher Multicultural seguindo o CMM no Instagram. Leia mais texto relacionados à vida entre cultura no Blog CMM.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima