A Vida Transcultural e o Olhar da Eternidade

O sentimento de ser estrangeira, constante na vida da mulher multicultural

Não estamos em nosso lar. Tudo ao nosso redor grita para nós essa verdade! Embora sejam encantadores as cores e os sabores do lugar e muito empolgante conhecer uma cultura nova e poder aprender uma nova língua, há no fundo uma pitada de insatisfação. E é claro a insatisfação não é bem recebida, nos sentimos culpadas, pois, como alguém escolhida e chamada por Deus para uma missão pode se queixar? Relutamos em reconhecer e acolher nossos reais sentimentos.

A falta dói. E tem dias que parece faltar tudo. Falta o rosto conhecido, a amizade de infância, o doce preferido, o abraço apertado e o suco da fruta que só tem no seu país. Falta um algo que nem sabemos explicar. E a falta anuncia nossa insatisfação. Ansiamos por um tempo de férias onde poderemos enfim, não ter mais falta de nada. E o que acontece?

Descobrimos que em nossa própria terra também temos falta e continuamos insatisfeitas. Ainda há algo faltando e não podemos explicar.  No fim das contas, a insatisfação não deve ser tão perversa assim e não devemos encará-la como inimiga. A mulher multicultural acaba tendo um privilégio de poucos: tem a vivência de peregrina pela terra e não reconhece nenhum lugar como seu. E isso pode ser bom pois, nos aproxima da verdadeira e plena satisfação.

 Toda mulher piedosa tem o céu no coração. A eternidade foi colocada em nosso coração pelo Deus eterno.(Eclesiastes 3.11) Possuímos anseios que nada dessa terra (em nenhum continente) é capaz de suprir.

Apesar da vida aqui ser cheia de incertezas, o nosso destino final é certo. A mulher que teme a Deus anda como peregrina na terra, abraçada a viva promessa e esperança em Cristo. O olhar está no céu, o pensamento está nas coisas do alto e ela suspira pela eternidade. E porquê? Pelo amor a Deus! O céu só é digno e atraente porque Deus nele está. Sem Sua presença não haveria razão para deseja-lo. Quando a eternidade povoa nosso coração andamos aqui como estrangeiras.

“Aproveite a insatisfação como lembrança. Deixe Deus lembrar a você, dia após dia, através do seu campo transcultural que a satisfação vem dele e somente dele.”

Até os benefícios da fluência em vários idiomas, o passaporte todo carimbado, as ricas culturas experimentadas, tudo é pouco comparado com o céu. 

O viajante gosta da terra estrangeira por um certo período, mas seu coração almeja a sua pátria. O país que nascemos diz muito sobre nós, mas não tudo. A eternidade é verdadeiramente nossa pátria, e nossa identidade vem de lá.

Satisfeitas? Ainda não estamos, mas sabemos que o nosso Senhor nos foi preparar lugar. O rei dos reis está construindo um lar para nós. Lá não haverá faltas, nem saudades, nem dor. Temos destino certo e a fidelidade de Deus não falhará. Por isso que nossos leves e momentâneos apertos por aqui não se comparam com a glória de lá.

Na próxima vez que a insatisfação gritar aí dentro, não faça dela motivo para murmurar, ou para se afundar em culpa ou autocomiseração. Aproveite a insatisfação como lembrança. Deixe Deus lembrar a você, dia após dia, através do seu campo transcultural que a satisfação vem dele e somente dele. E não deseje o céu só porque as coisas estão difíceis por aqui. Deseje a Cristo! Seja Ele o centro da sua vida aqui e na por vir.

Você pode ter acesso aos textos e cursos oferecidos pela Jade Simeões no instagram, CLICANDO AQUI

Leia mais sobre a Mulher Multicultural no nosso Blog CMM, CLIQUE AQUI

Jade Simões

Brasileira, natural do Ceará, é Obreira multicultural, escritora e professora. Apaixonada pela feminilidade, tem se dedicado ao ensino e discipulado de moças e mulheres. É casada com Paulo Diego, mãe do Benjamin e da Abigail. A família está há 9 anos na África ocidental.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima