Quando uma pausa e o retorno à pátria é necessário
“Como pode um peixe vivo
viver fora da água fria?
como poderei viver?
como poderei viver?
sem a tua, sem a tua
sem a tua companhia”
( cantiga popular, autor desconhecido)
Muitos obreiros transculturais se sentem como o peixe da cantiga acima, pensam que não poderão viver fora do contexto transcultural. Mas, o que acontece quando há necessidade de voltar para seu país de origem por motivo de saúde, escola dos filhos ou mudança na visão de ministério? Será que tudo acabou? Ou ainda estou dentro dos planos de Deus para sua Missão?
As transições ao longo da vida transcultural serão necessárias algumas vezes. Deixar o campo transcultural para voltar ao país de origem pode não ser tão fácil assim como parece.
Márcia Tostes compara o retorno do obreiro à volta dos astronautas do espaço à terra, em relação à complexidade do retorno. Deixar o campo, os projetos, a plantação de igreja por um tempo para suprir algumas necessidades da família, não quer dizer deixar de ser vocacionado e nem de fazer parte do que Deus está realizando no mundo e dentro de nós.
É certo que as transições podem nos tirar da nossa zona de conforto, mas também nos fazer crescer e descobrir coisas novas que Deus quer revelar e trabalhar em nós e através de nós.
A história dos nossos amigos Isaque e Leyna, exemplifica esta visão sobre o retorno ao país de origem por um período de tempo. Os conhecemos em 2010 aqui no Senegal. Quando eram mais jovens, saíram da Alemanha com suas três filhas em terna idade para servir como missionários no Chade, onde dedicaram mais de uma década no ministério do anúncio do Evangelho.
Chegando a época de suas filhas cursarem o ensino médio, eles perceberam que o ambiente escolar não era adequado para elas. Então decidiram voltar para Alemanha. Estando neste país, os dois se dedicaram ao trabalho secular, enquanto suas filhas terminaram o ensino médio, a universidade, se casaram e se tornaram independentes.
Foi então que aos 53 anos de idade, eles decidiram retornar para o campo. Foram para o Senegal, onde dedicaram mais 10 preciosos anos de suas vidas. Uma pausa era necessária! A experiência de nossos amigos revela que mesmo em meio à complexidade do retorno à pátria, bons frutos podem ser gerados. Além disso, o que mais pode nos ajudar a superar os impactos do retorno sobre nossas emoções e sentimentos?
Acredito que ter uma conciência de que não podemos nos definir pelo que fazemos, e sim pelo que somos. Somos filhos amados de Deus. Ele não nos ama devido à nossa performance, mas pelo fato de sermos seus filhos.
O sucesso na sua Missão não é medida por números, tempo de serviço ou do quanto posso realizar daquilo que planejei e sonhei. Jesus ouviu a voz de Deus no seu batismo antes mesmo de ter realizado qualquer milagre. “Este é o meu filho amado, em quem muito me agrado.”
Sua identidade estava firmada em Filho de Deus, e não naquilo que poderia fazer para Deus. A Missão não acabou se o missionário terá que voltar para seu país de origem, por um tempo ou para sempre. Ele cotinua realizando a Missão de Deus onde estiver.
Não precisa se sentir um derrotado se agora realiza menos, talvez seja tempo de deixar Deus realizar mais em sua vida e no meio de sua família. Agora de volta à casa, ele tem uma bagagem cheia de tesouros preciosos que poderá compartilhar com outros para a edificação do Reino de Deus na terra.
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