“Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos. Vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.”
Salmo 139:23-24
Recentemente, eu e minha família regressamos ao Brasil para um tempo sabático depois de quase 8 anos servindo no campo transcultural. Um dos desafios que eu enfrentei no processo de readaptação foi voltar a dirigir na minha cidade. Muitas ruas mudaram de sentido e além disso, eu também tinha esquecido muitos trajetos. Isso seria um grande problema, se eu não usasse um aplicativo maravilhoso chamado waze, que não só indica o caminho certo, como também me ajuda a evitar engarrafamentos sugerindo rotas alternativas.
Em uma dessas ocasiões, eu vi o caminho que ele sugeriu e por coincidência, era um caminho que eu já tinha feito na mesma semana. Talvez tenha sido isso que me deu uma sensação de segurança, não tenho certeza. O fato é que em algum momento eu parei de olhar a rota indicada, fui seguindo o caminho que tinha feito da última vez e quando dei por mim, estava presa num engarrafamento terrível. Ao olhar para o celular, vi que lá no início ele tinha estabelecido um caminho diferente, que teria evitado aquele aborrecimento.
Mais tarde, já em casa, lembrei do incidente e pensei em quantas vezes eu faço a mesma coisa no meu relacionamento com Deus. Sou uma pessoa madura na fé e tenho um ministério consolidado, através do qual eu compartilho o Evangelho com pessoas que não conhecem o Senhor. Talvez por isso tudo eu sinta, por vezes, uma perigosa sensação de segurança, me distraia e acabe saindo do caminho que Deus estabeleceu para mim. Quando isso acontece, infelizmente as consequências podem ser mais sérias do que o mero incômodo de ficar presa no trânsito. Quase sempre há vidas em jogo, pequeninos que nos observam com atenção, aguardando ansiosamente nossa manifestação como filhos e filhas de Deus.
Entre os povos de língua Akan da África Ocidental, existe um conceito chamado “Sankofa”, que significa “voltar no caminho para buscar algo que ficou para trás”. Eu tenho aprendido que da mesma forma, na minha caminhada, muitas vezes eu preciso admitir que errei, voltar atrás e refazer o meu caminho. Não é uma decisão fácil, mas é o que o Senhor nos ensina em Sua palavra e sempre irá valer a pena. Afinal de contas, a jornada com Deus se assemelha muito mais a uma maratona do que a uma corrida de 100 metros rasos.
A minha oração hoje é para que Deus nos ajude a evitar distrações e manter o olhar fixo nele; mas também clamo para que Ele nos dê a coragem necessária para refazermos a nossa rota sempre que for preciso. Independentemente do quanto isso nos custe, de uma coisa podemos ter certeza: o próprio Jesus Cristo prometeu que estaria conosco a cada passo do caminho, todos os dias, até à consumação dos séculos. Sigamos!
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